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Qui, 20 Agosto 2020 17:29

Professores da Unifor usam rádios comunitárias para melhorar a qualidade de vida do Dendê

Projeto leva informação sobre saúde e alimentação e formas de combate ao novo coronavírus.

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A professora Gina Pompeu, coordenadora do PPGD/Unifor, está a frente do projeto de pesquisa na comunidade do Dendê.
(Foto: Ares Soares)

A partir da constatação de que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do bairro do Dendê é muito baixo, pesquisadores da Universidade de Fortaleza começaram a pensar em práticas que a Unifor poderia adotar para colaborar com o desenvolvimento humano da comunidade. O IDH é uma medida usada para classificar as regiões pelo seu grau de “desenvolvimento humano” e para ajudar a classificar localidades como desenvolvidas (desenvolvimento humano muito alto), em desenvolvimento (desenvolvimento humano médio e alto) e subdesenvolvidas (desenvolvimento humano baixo). A estatística é composta a partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e Produto Interno Bruto per capita (como um indicador do padrão de vida) recolhidos em âmbito nacional.

Com o surgimento da pandemia e, consequentemente, impossibilitados de irem a campo, professores e alunos do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional da Unifor (PPGD) decidiram apoiar as rádios comunitárias “Salinas” e “Dendê Sol”, ambas com área de abrangência no Dendê. 

A Unifor, em convênio com os radialistas da comunidade do Dendê, tem, assim, a possibilidade de gerar e propagar conteúdos que dizem respeito a questões básicas das pessoas, como alimentação e saúde, além de proporcionar assistência jurídica. E, em tempos de novo coronavírus, a equipe envolvida no projeto também passou a difundir informações que possam ajudar no combate à pandemia ocasionada pela Covid-19, além de criar artefatos comunicacionais que permitam o desenvolvimento econômico da comunidade.

O projeto

O projeto, intitulado “Radi@ção e Vitrine virtual: Conectando e informando a Comunidade do Edson Queiroz para combater a Covid-19”, visa desenvolver metodologias e estratégias de comunicação capazes de transmitir de forma clara, direta e confiável,  informações de combate à Covid-19 para as mais variadas comunidades. 

Além disso, o projeto prevê a aplicação dessas metodologias na comunidade do Dendê, a partir das rádios comunitárias locais. “O objetivo é permitir que a informação chegue às pessoas e que elas compreendam quais as práticas necessárias para combater a doença, seja orientando a frequentarem os postos de saúde caso apresentem sintomas, ou dando dicas de como devem proceder na retomada de atividades”, explica a professora Gina Pompeu, coordenadora do PPGD/Unifor.

O projeto foi um dos dez contemplados com o edital especial da Fundação Edson Queiroz no combate à Covid-19 por meio da Diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (DPDI), lançado para desenvolver respostas sociais de curto e de médio prazo para enfrentar a pandemia e fomentar a produção científica. Coordenado pela professora Gina Pompeu, a ação é uma cooperação da Universidade de Fortaleza com os cursos de graduação em Direito, Arquitetura e Jornalismo. 

Moradores da própria comunidade desempenham um papel importante na comunicação, levando, por meio da linguagem radiofônica, informações para os moradores do Dendê. A equipe multidisciplinar, formada pelos professores da Unifor, tem tido o apoio decisivo dos comunicadores Hernando e Glaciel, da rádio Salinas Dendê, e de Leandro e Patrícia, da rádio Dendê Sol.

A professora Gina Pompeu explica que os radialistas possuem uma inserção muito significativa na comunidade, contribuindo, por meio de seus programas, com dicas de alimentação, de saúde, de como procurar benefícios que o governo oferece, além de informar sobre os direitos da criança e do adolescente e dicas de combate à violência doméstica. Baseado nesta realidade, os pesquisadores decidiram contribuir para a qualificação dos comunicadores locais, de modo a aperfeiçoar a comunicação com a comunidade da região. 

“É um projeto de impacto social que busca aprender e ensinar os radialistas da comunidade do Dendê. Os professores  Max Eluard, Ana Paula Farias e Helena Cláudia cumprem com o papel de orientar os radialistas, que, nesse contexto, agem como líderes da comunidade, observando como acontece a comunicação nas rádios comunitárias”, explica a professora Gina Pompeu. 

O estudo contou com a participação dos professores Euler Muniz e Cristina Romcy, do curso de Arquitetura, os professores do curso de Jornalismo, Ana Paula Farias, Max Eluard e Helena Santos e com professores do curso de Direito, Darlene Braga e João Araújo Neto, além de Robério Carvalho e Pedro Rocha, alunos do Programa de Pós-Doutorado em Direito Constitucional. Juntos, buscam em parceria com os radialistas da comunidade do Dendê e com o líder comunitário, otimizar recursos e capacidades para melhor informar a população.

“Com esse projeto, pretendemos preparar a população da comunidade para a reinserção na atividade comercial e na atividade empresarial sem esquecer dos cuidados que devem existir na saúde dos moradores. Assim, nós estamos desenvolvendo essas atividades de orientação como uma forma da Universidade de Fortaleza se inserir no contexto social do Dendê, e de proteger e manter a prosperidade da comunidade”, salienta Robério Carvalho, aluno do PPGD.

Max Eluard, gestor da TV Unifor, vinculada à Diretoria de Comunicação e Marketing da Universidade de Fortaleza, e as professoras Ana Paula Farias e Helena Cláudia ficaram responsáveis por dar aulas aos radialistas, visando agregar mais ainda com o conhecimento deles e explicando como funciona as principais rádios comunitárias do Brasil e da América do Sul. 

O projeto ainda visa enaltecer a importância que cada profissional pode contribuir, seja aluno ou professor, com dicas de como melhorar o perfil socioeconômico da comunidade local, bem como a qualidade de vida, seja por meio de novos negócios ou por informações que muitas vezes não são levadas à comunidade e a rádio tem o poder de levar de forma efetiva para a população. 

“Vamos modificar uma realidade que é perversa, que é a concentração de renda e a falta da efetivação de direitos muito próximas. De um lado da Washington Soares temos o Tribunal de Contas, o Tribunal de Justiça, tantos órgãos importantes do Estado, e do outro lado temos tanta carência. Então a gente tem que ver como podemos nos unir e tentar comunicar para desenvolver com os dons que essas pessoas têm”, defende a professora Gina Pompeu. 

Edital contribui para o fomento à pesquisa

O edital especial Covid-19, lançado pela Fundação Edson Queiroz por meio da Diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (DPDI), é mais uma ação desenvolvida pela instituição no enfrentamento da pandemia no estado e no país como um todo, a exemplo do apoio às autoridades sanitárias na análise de amostras dos exames de Covid-19 e o desenvolvimento do capacete de respiração assistida para pacientes de média complexidade (Elmo).

Ao todo, a instituição investiu cerca de R$ 400 mil em dez projetos elaborados por sua equipe de pesquisadores nas áreas de saúde mental, aspectos virológicos, violência de gênero no isolamento social, ações de prevenção em saúde coletiva, entre outras.

Os trabalhos foram selecionados por um comitê de especialistas externos à Universidade de Fortaleza, tendo como premissa a escolha de pesquisas que tragam resultados em curto e médio prazos. “Essa é uma iniciativa inédita: uma universidade privada, com recursos próprios, lançando edital de pesquisa em combate ao coronavírus. Investir na sociedade é uma preocupação nossa”, destaca o professor Vasco Furtado.

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